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Burlas a idosos quase duplicaram no ano passado
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- Criado em 03-05-2013
Bem-falantes e bem vestidos, os burlões fazem-se passar por representantes de instituições como a Segurança Social e a Santa Casa ou por familiares afastados para enganarem as vítimas. Em 2012, foram cerca de 55 casos por mês.
O crime de burla tem vindo a aumentar genericamente, mas, em especial, contra idosos. Só na área de jurisdição da Guarda Nacional Republicana (GNR), em 2012 o número de casos envolvendo vítimas com mais de 65 anos praticamente duplicou, num aumento de 95% face a 2011.
A GNR considera que a contribuir para o registo exponencial deste tipo de crime está também uma maior abertura das vítimas para denunciar o que lhes acontece.
“ [No ano passado] tivemos uma diferença de cerca de 27 ocorrências por mês a mais do que em 2011, o que deu um total de 669. Existem, de facto, mais situações, mas para além disso, há uma procura maior dos cidadãos em relatarem as situações de que são vítimas”, explica a capitã Patrícia Pereira, da divisão de comunicação da GNR.
A liderar as zonas com maior incidência de burlas contra idosos estão o distrito de Aveiro, com 70 casos, o de Santarém, com 55, e o de Setúbal, com 52.
Já os métodos não variam muito. Os burlões “tendem a fazer-se passar por representantes de instituições, nomeadamente da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia, e dizem às pessoas que são vítimas de burlas que estão em representação desses serviços”, descreve Patrícia Pereira.
Muitas vezes, esses indivíduos não têm documentação e só pelo seu poder de persuasão conseguem convencer as pessoas de que realmente pertencem a essas instituições, havendo ainda casos em que falsificam um documento comprovativo.
“Temos situações que nos foram relatadas de pessoas que se fazem passar por familiares que estão afastados e que as vítimas não conhecem, tentando obter alguma vantagem”, exemplifica a capitã. Há até quem seja abordado na via pública e convencido a direccionar-se para agências bancárias para levantar dinheiro.
O perfil dos burlões também não varia. Patrícia Pereira traça o retrato. “É uma pessoa bem-falante, bem vestida e procura sempre a confiança e a empatia com a sua vítima. A partir do momento que estabeleça essa relação de confiança com a vítima, o burlão sabe que poderá ter uma grande percentagem [de probabilidade] de concretizar o seu objectivo, que é enganar a vítima.”
As cerca de 55 burlas por mês que afectaram pessoas com mais de 65 anos foram maioritariamente registadas em zonas isoladas, mas a GNR nota que já não é um exclusivo das zonas rurais.
“Há muitas vítimas que são idosos, que vivem isolados e que têm acesso a pouca informação, mas à medida que o tempo vai passando também tem havido notícia de que algumas pessoas, que já estão em meios que não são considerados tão rurais, também são vítimas deste tipo de crime”, constata Patrícia Pereira.
Os dados revelam ainda que as burlas têm, por razões óbvias, um caracter itinerante, que raramente são atribuídas a estrangeiros e que não podem, pelo menos por enquanto, ser directamente relacionadas com os efeitos da crise.
in RRenascença | 02-05-2013 | Celso Paiva Sol